sexta-feira, 2 de maio de 2008

Recruta Zero

Como diz aquela canção da Banda Ira ! Nucleo Base, eu quero lutar mais não com essa arma! Assim me senti quando fui me alistar, meu pai militar da Aeronáutica fazia questão que seu filho servisse as forças armadas, não tão armadas assim ! Pensei em falar com o velho para dar uma aliviada na situação, pois como militar certamente seu pedido seria atendido, no entanto, considerando nosso relacionamento pouco amistoso, feito recruta e sargento, preferi então ir na fé e coragem. Tinha na ocasião, meu braço fraturado, o que me ajudou muito a escapar, creio que se não fosse isso, certamente tinha servido. Não tinha o desejo de servir, além do mais não concordo com a obrigatoriedade do alistamento, para que ? Aprender a torturar o semelhante, como visto nacionalmente em manchete escrachada em Telejornais sobre um abominável Quartel ? E pensar que quando passava em frente nem imaginava que diante daquelas janelinhas típico de um convento, existia uma filial da prisão de Guantánamo.

Não creio que servir seja uma perca de tempo, não desaconselho, mais se a sua missão é ser Rambo ou Arnold Sschwarzenegger, então seu destino é Brasília como voluntário Kamikaze; para alguns chega a ser uma salvação, no meu caso seria a perdição, sou inquieto ! E viveria a cometer inflações, pensava que se o destino assim quisesse, então que fosse por opção o exercito, pois achava mais aventureiro por ouvir tantas historias sobre acampamentos, bebericagens com sangue de galinha e devoramento de bichos de pau, vulgo "coró", taí um apelido digno de um reco, com noites sinistras de vigilância e nas mãos em punho conhaque de alcatrão e baforadas.

Hoje ! Quem diria, o quartel que um dia me despertava enorme curiosidade, transformou-se em um mero Shopping Center, muito mais simpático ! Porém com algumas ressalvas, no lugar dos soldados, brocutus espalhados pelos corredores estilo “MIB” – Homens de Preto, autorizados a resolver questões por qualquer via de fato a mando de oficiais do Shopping, contra desalmados Punks, Playboys de G-Chocks, Patricinhas e turmas de Vilas Q’Delicia, com que direito ?.

Lembro-me que fui por espontânea pressão como um boi que vai ao abate, pensando que vai conhecer outro pasto fresco, pobre boi ! Mal sabe ele o que lhe espera - apontar, atirar, fogo! Pois decidir não lhe cabe ! Como personagem “Tonho” do filme Brasileiro "Abril Despedaçado", digo sim senhor ! E obedeço as ordens, direita volver, esquerda volver. Em fila feito dominós humanos vem o soldado de peito estufado, dizendo pra tirar as roupas ! Desconfortavelmente perfilados estamos como viemos ao mundo, feito a vistoria colocamos a roupa, fazemos alguns testes de resistência e todos ao pátio, ficamos aguardando em posição de sentido o oficial chegar, com respeito escutamos e engolimos a seco o esporro ideológico e bravamente juntos ainda que outros balbuciem tão somente, cantamos o Hino Nacional; em voz alta cada um é chamado – Joãos, Josés, Ciclanos, Fulanos, Beltranos, Negros, Brancos, Pobres, Ricos e Miseráveis, todos anciosos pela carteirinha de excesso de contigente salvadora; me despeço das pessoas que ali conheci, então saio do quartel com o sorriso do lagarto;
Papai não quero bater continência nem ser a ponta de um esporão, prefiro sombra e água fresca e andar na contra-mão.

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