Lendo uma coluna do Delfin Neto, ele teorizava uma “Sociedade Razoável”, por ser de quem se trata, achei irônico, o texto contava que a nossa sociedade deveria dar oportunidades a todos que podem e querem trabalhar, obtendo através do seu próprio esforço e capacidade, uma subsistência digna para si e sua família. Depois que terminei a leitura, fiquei matutando - como isso funciona na prática ?.
Então, comecei observar algumas pessoas, procurando nestas a minha resposta. Deparei-me com prostitutas, meninos de rua, mendigos, catadores de papel e bacanas. Constatei que para os marginalizados as coisas do mundo perdem sua atração, pois sem dignidade, desamparados, patinam no mesmo lugar, enquanto que os privilegiados desfrutam dos prazeres mundanos.
Mais que diabos afinal é isso ? Perguntei para a prostituta e como prostituta experiente que é obviamente me deu uma resposta de uma puta ! Razoável pra mim, tem que ter uns 18 cm de comprimento, abaixo disso você é igual à sociedade, um mentiroso e só conta vantagem.
Perguntei para o menino de rua e ele respondeu – pra mim isso não existe ! Nem sociedade e nem razoável, pois para sociedade, sou um selvagem parido por não sei quem.
Perguntei para o mendigo e ele respondeu – pra mim, essa tal sociedade desconheço, razoável é um prato de comida bem cheio, daquele transbordando e sociedade sinceramente, só se for o socialismo do cobertor e papelão do companheiro ao lado.
Perguntei para o catador de papel e ele respondeu – pra mim é meu suor e cansaço quando empurro meu carrinho sob sol e chuva na minha cabeça, não sou bacana protegido pelo seu carrão e ar condicionado em seu office, o razoável ? É o entardecer, o cair do dia, o quê me contenta, pois sei, que meu carrinho consegui encher mais um dia.
Perguntei para o bacana e ele respondeu – sociedade razoável ? Pra mim razoável é pouco, não consigo fazer nada com isso, é uma mixaria! Se não tenho compro, se tenho, não divido com ninguém, a minha sociedade já está garantida à custa da sua.
E você é razoável ?
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